Neste post listamos alguns critérios bem importantes a serem observados na análise das garantias de crédito pelos analistas.
Analisar garantias não é uma atribuição exclusiva das instituições financeiras. Na realidade, toda empresa que atua no mercado de crédito de preocupar com os colaterais de sua carteira.
Além disso, cuidados da hora de dar crédito vão além do preenchimento de dados cadastrais ou consulta ao score de crédito do cliente.
Sobre a análise das garantias de crédito
Quando consideramos os riscos relacionados à concessão de crédito, não basta ao credor garantir uma boa análise de crédito, mas também se preocupar com a qualidade e liquidez das garantias oferecidas.
Isso vale tanto para uma grande instituição financeira quanto para o pequeno empresário que trabalha com vendas a prazo. Afinal, “prudência e canja da galinha não faz mal a ninguém”, não é mesmo.
Objetivo da garantia em uma operação de crédito
Considere que a inadimplência é um dos maiores custos no momento de definir o custo do crédito. A inadimplência de um credor em muito depende da qualidade das garantias aceitas.
Mas conceder crédito somente com base nas garantias oferecidas, sem uma análise adequada, não é uma boa prática. Na verdade é bem arriscado.
Lembre-se que existem os custos de fazer valer o direito do credor, como despesas com execução, risco de depreciação, entre outros. Afinal, a análise de crédito vai muito além das simples informações cadastrais.
Então a garantia não é tão importante assim?
Não é isso que estamos dizendo! O que devemos ter em mente é que merece crédito quem comprova capacidade de pagamento.
Emprestar para quem não demonstrou esta capacidade mas ofereceu as garantias solicitadas não é uma prática recomendada para a boa saúde da carteira de recebíveis.
Por isso, não importa se estamos falando de garantias reais como bens imóveis ou alienação fiduciária, ou mesmo de garantias pessoais oferecidas por pessoas físicas.
Nunca se esqueça que as garantias servem para mitigar riscos em caso de eventos não previstos, ou que não foram identificados pelo credor na hora de aprovar a operação.
A análise de crédito é um instrumento que deve considerar, com igual cuidado, a perspectiva de pagamento e a qualidade das garantias. E se este post é sobre quais aspectos devemos observar sobre este último, então vamos a eles:
Aspectos relacionados à qualidade da garantia de crédito
A garantia é de fácil apreensão?
Ao analisar a garantia oferecida pelo cliente em operações de crédito, o credor deverá considerar a facilidade de apreensão em caso de inadimplência.
Muito se tem feito para agilizar a apreensão da garantia, como por exemplo a Lei Federal 13.043/2014, que visa acelerar a retomada de veículos financiados.
O maior impacto está na redução do prazo para a retomada do veículo, estimado para acontecer em até três meses. Antes de a nova lei, o tempo médio superava um ano.
A garantia é relacionada à atividade do credor?
Ao realizar a análise das garantias de crédito, o analista deve verificar se estas são relacionadas à atividade do credor, pode ser mais fácil comercializá-la.
Qual o impacto social da garantia no inadimplente?
Neste caso, o credor deve considerar o impacto o que a apreensão da garantia pode gerar na vida do cliente inadimplente.
Por exemplo, imóvel da família ou veículo utilitário utilizado com fonte de renda. Estas condições podem frustrar a execução judicial.
Existe o entendimento de que o devedor não pode oferecer como garantia um imóvel tido como bem de família para depois alegar que sua execução não tem respaldo legal.
O STJ já negou recursos de devedores que alegaram a impenhorabilidade do bem de família depois que ofereceram a própria casa como garantia fiduciária. Afinal, considera-se que a vontade do proprietário é soberana ao colocar o próprio bem de família como garantia.
Mas mesmo com isso posto, ainda assim vai dar trabalho para o credor, pois irá depender de entendimentos conflitantes e de muitos recursos.
Aspectos relacionados à liquidez da garantia
A garantia é de fácil comercialização?
Além do perfil de crédito e o valor da operação, o analista de crédito deve avaliar a facilidade de se remover e transportar a garantia.
Esta verificação se aplica principalmente a produtos perecíveis, animais, veículos ou maquinário especial.
O valor de mercado da garantia é suficiente para quitar a dívida?
Além da liquidez, o credor deve verificar se o bem dado em garantia poderá ter seu valor futuro muito reduzido em caso de necessidade de retomada no futuro.
A garantia possui facilidade em ser transformada em dinheiro?
Todo credor deseja ver a obrigação quitada o mais rápido possível, e assim ter o recurso de volta o giro de seu negócio. Por isso a importância da liquidez da garantia.
Por exemplo, imagine um carro antigo para colecionadores. O bem até pode possuir um alto valor, mas o público que o compraria pode ser restrito.
A garantia ao empréstimo pode ser executada em juízo?
Principalmente em se tratando de valores mais altos, é fundamental saber se a garantia é passível de execução judicial.
Um bom exemplo de dificuldade na execução são as garantias sobre quotas e participações em empresas.
Esta modalidade tem se multiplicado por conta de razões tributárias, de planejamento familiar e mesmo sucessórias, muitas vezes compondo a totalidade do patrimônio do cliente.
Outra situação é quando terceiros também podem sofrer efeitos da execução, como por exemplo, imóveis com sócios.